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terça-feira, 2 de agosto de 2011

A origem do trabalho

Muitas civilizações por meio de suas tradições orais buscaram repassar às gerações seguintes o pano de fundo de sua cultura, de seus costumes e crenças. Dentre elas conta-se acerca da origem do trabalho. Alguns povos, intrigados com a questão tentaram explicá-la de várias maneiras. Mas a grande maioria delas estabeleciam uma conexão do trabalho com alguma punição dada pelos deuses aos homens por causa de sua desobediência. A mitologia grega, por exemplo fala da caixa de pandora, enquanto causadora da origem dos males que assolam o mundo por causa da incontinência humana.


A Bíblia, que em nada compara-se aos relatos mitológicos das tradições orais dos povos antigos, por que é a Palavra de Deus revelada, traz uma episódio intrigante à respeito dos primeiros diálogos de Deus com o homem - a primícia de sua criação. Nos primeiros capítulos de Gênesis é narrado o desenrolar da criação do mundo e do homem. Este, por sua vez, foi dado por Deus a tarefa de administrar o jardim onde ele fora colocado, como se fosse o mordomo. Os teólogos chamam essa designação de "mandato cultural", "tomou o Senhor Deus o homem e o colocou no jardim do Édem para o cultivar e o guardar" (Gn 2:15). O homem estaria responsável por dar nomes aos animais, cuidar das plantas e árvores do Jardim por ordem expressa de Deus. É exatamente nesse instante que nasce o que poderíamos chamar de trabalho.


Pensando nessa origem remotíssima do trabalho, faz-se imperioso rechaçar à tese advogada por alguns pensadores acerca da origem maléfica do trabalho, enquando consequência e punição de Deus ao homem por causa da queda. Muito alarde é feito em torno dessa tese equivocada, porquanto se fundamenta na própria Biblia, quando Deus castiga Adão e Eva por causa da desobediência e diz: "...em fadigas obterás dela o sustento durante os dias de tua vida..."(Gn 3:17b). Nesse ponto é que se inspira o erro do trabalho como uma consequência negativa - castigo - de Deus ao homem, quando pela leitura simples e franca do texto percebe-se que Deus na verdade permitiu a maldição da terra enquanto consequência drástica do desligamento total do homem com Ele.

Aqui, certamente, Deus abre caminho para a chamada história da redenção, na qual no mesmo diálogo desse capítulo promete acerca de Cristo enquanto redentor da humanidade, "o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo". Note que o trabalho foi uma das ordens dadas ao Criador ao homem antes do momento do pecado original - a queda, e, portanto, não é factível ou teologicamente correto asseverar que o trabalho foi uma consequência do pecado humano, uma vez que o mesmo já tinha sido elaborado por Deus no mandado cultural.
Todavia, é correto afirmar que a queda do nomem no Jardim trouxe reflexos em todos os aspectos da vida e do ser e em toda a criação.

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