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domingo, 10 de julho de 2011

Verdade ou conveniência?

Se não me perguntarem, certamente saberei a resposta, porém, se me perguntarem já não saberia dizer. Semelhante a dúvida cruel de Santo Agostinho ao investigar acerca do que a razão humana entende por tempo, me vejo envolto na mesma sensação. Ora, a vida é a algo que simplesmente acontece, ocorre, estamos agora nela. Mas e daí? Como a linguagem poderia exprimir a vida? Não sabemos ao certo. Pode-se dizer que é um problema paradoxal, ou um egoísmo e uma pretensão soberba e tamanha para o ego humano, uma vez que procurar falar a respeito de si mesmo. Aliás, já dizia um velho sábio "seja a boca dos outros que louvem".


Mas quem poderia ser o outro, ou quem poderia estar fora do mundo da vida, funcionando como um observador atencioso e neutro para então dissertar em palavras sobre a vida humana? Esse problema já seria facilmente resolvido pelo paradoxo do pensamento filósofico, estabelecendo assim um ponto final, não sendo possível, já que não teríamos elementos extra-humanos e fora da nossa própria linguagem para expressar o conhecimento a respeito de nós mesmos.

Todavia, o intento humano para descobrir o que se revela por trás das cortinas é muito mais forte que ele mesmo, e está constantemente o coagindo a ir além de verdades meramente filósfoicas, científicas, teológicas, matemáticas, ou outras mais - é o famoso "descontentamento descontente" do poeta português Camões.


Embora esse primeiro argumento - o do observador neutro - seja filosoficamente sólido, a minha mente não consegue se conter. Pois, se partamos do pressuposto de que as únicas verdades irrefutáveis e certas estão além de nós, estaremos admitindo que somente as explicações religiosas teriam sentido, equanto as demais não. Or a, a importância do tipo de conhecimento que lidamos, seja ele teológico (a respeito das divindades), seja filosófico, científico ou matemático, não está na proximidade que os mesmos mantém com a verdade. Nem sempre o homem está preocupado em saber a verdade, melhor dizendo, nem sempre o ser humano vai está preocupado com aquilo que defronta ao seu prazer e conveniência. Ou seja, se entre descobrir a verdade ou perder a vida, o instinto inato de sobrevivência irá nos denunciar a desprezar a verdade, escolhendo, obviamente a vida. É nesse sentido que o ser humano nem sempre está preocupado com a verdade.

Portanto, como estabelecer a verdade como elemento e certificado de qualidade do conhecimento, uma vez que a verdade é por nós desprezado? Isto é, o critério máximo do homem chama-se, portanto de conveniência. A verdade terá vez na medida em que é conveniente ou não ao ser humano. Essa é a explicação pela qual o ser humano é complexo e averso naturalmente à ordem de Deus, pois tudo o que se refere à verdade absoluta está inexoravelmente ligado à transcendência. Como poderia um teólogo exprimir, uma das consequências diretas do pecado orginal - da origem do mal e ao mesmo tempo do plano salvífico de Deus através de Seu Filho Jesus Cristo - foi o desprezo pela verdade enquanto elemento absoluto.

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