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quinta-feira, 21 de julho de 2011

Minha versão das "Cartas do Inferno"

Breve prefácio.

Essa crônica trata-se de uma releitura particular que faço do clássico do escritor inglês C.S Lewis, "Cartas do inferno". De uma forma brilhante, única e sob o estilo de cartas, Lewis, pelas personagens de dois diabos, um aprendiz e seu mestre, tio e sobrinho, reproduz de forma alegórica como seria uma possível correspondência entre os inimigos de Cristo. A obra não é de fácil compreensão, talvez pelo excesso de zelo que alguns pensam que não se deve jamais dar ênfase ao diabo, pois este não se iguala em poder à Deus. Todavia, as cartas tratam-se de uma sátira, ou deboche santo que o escritor faz, de forma perspicaz e inteligente das táticas do inimigo, e ao mesmo tempo, uma espécie de alerta àqueles que não estão preocupados em refletir se estão ou não sobre a influência do mal. De qualquer modo, este pequeno texto é mais uma daquelas intromissões que faço, tomando emprestado a ideia genial de Lewis, escritor cristão, ex-ateu, servo de Cristo, e intitulado o mais relutante de todos.


Boa leitura.





CARO MORCEGÃO

Penso baseado na vasta experiência histórica de vida que tenho, desde quando nosso pai caiu às profundezas, tornando-se o senhor das trevas, de que o nosso Inimigo não poderá ser atacado diretamente. Digo, não conseguiremos derrota-lo simplesmente aliciando seus seguidores oferecendo àquilo que seus sentidos mais necessitam, ou seja, saciando os seus desejos mais impuros e sombrios, aliás, esse é o primeiro nível de ataque.

Porém, precisamos avançar ao nível de cooptação, e isso requer um forte preparo intelectual iniciada nas ciências humanas, especialmente na filosofia, onde há margens de erros e inúmeras interpretações. Ora, já me basta àquele episódio fatídico com Àquele (do qual não posso pronunciar-lhe o nome, claro), no deserto, quando o oferecemos alimento e riquezas. Para nada serviu.

Portanto meu prezado sobrinho está na hora de adentrarmos aos próximos níveis de combate e aliciamento de seguidores. Pode ser que para as mentes menos preparadas, o simples oferecer de bens materiais e de satisfação de seus desejos já seja suficiente para arrebanha-los, mas nem todas as mentes são tão ingênuas e áridas. Lembre-se da experiência no deserto como agora pouco já te relatei.

Pois bem, iniciemos às táticas. Primeiro, você precisará ler alguns escritos de nossos pensadores e filósofos no que diz respeito à temas como relativismo e conceito de verdade. Tais temas são importantíssimos, vou te explicar porquê. Nosso Inimigo pensa que é o dono da verdade, aliás, Ele mesmo se intitula “Eu sou a Verdade”.
Toda a sua mensagem está construída sob o pressuposto de que existe uma verdade absoluta, revelada, advinda dos céus, e que não está passível de verificação pela razão dos homens. Entendes? Se atacarmos os pressupostos do conceito de verdade absoluta a mensagem deles estará comprometida ao pensamento dos homens, que, por serem tão idiotas algumas vezes, nem sequer criticam o próprio pensamento crítico.


Pode ser que você esteja se perguntando, ora, mas como aplicar essa estratégia àqueles seguidores do Inimigo que são aplicados na leitura daquele Livro Antigo? Bem dito. Infelizmente há homens com mentes tão inquietas e paixão por aquilo que estão lendo e praticando que nossa tática será frustrada. Mas anime-se prezado sobrinho, nem todos os ditos cristãos preocupam-se com o primeiro mandamento “amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todo o teu entendimento”. Muitos deles estão preocupados com sentimentos e sensações, meras experiências no âmbito emocional, é com estes que devemos focar nossas atuações, pois quando forem confrontados com a nossa filosofia eles não terão respostas, pelo menos alguns deles. Ou você pensa que todos os cristãos estão preocupados em apresentar a fé deles fazendo uso da razão? (não me faça rir...)
Claro, não estou subestimando o poder do outro lado, mas devemos atacar a mente deles com esses argumentos. Então, o que estás esperando?


Do seu estimado tio
Cupim.

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