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quarta-feira, 9 de junho de 2010

Viciados no "Tempo"

Em outras oportunidades, e mais inspirado claro, eu tratei da ficção criada pela mente à respeito da tripartição institiva do tempo em Passado-Presente-Futuro. Na verdade, tudo o que temos é uma mente com capacidade de armazenagem de imagens e fatos vividos, preso em um corpo orgânico regido pelas leis físicas do desgaste natural das células. Por sermos mortais e por termos a memória criamos a necessidade de separar a linha da existência em algumas etapas: etapas primeiras ou passadas; etapas do meio ou do presente e etapas futuras ou planos/projetos. Percebam, essa tripartição do tempo é uma necessidade interna da mente, e não se trata de uma verdade natural ou dada no universo; aliás, o tempo como sendo essas sucessões de planos é uma dessas verdades que não encontramos no universo, que por sua vez é infinito. A tripartição do tempo é uma falácia que sustenta todo o mundo em que vivemos.

Pensando nisso, por exemplo, compra-se e vende-se à prazo. Cometem crimes, processam e determinam uma pena até "tantos" anos. Elegem presidentes com mandato de 04 anos e depois fazem novas eleições. Alguns filmes possuem pouco mais de 2 horas, outros até menos.

Nascemos, vivemos, nos reproduzimos e morremos.
Na verdade, quando criamos relógios mecânicos e determinamos as horas de duração de um dia, de uma palestra, de uma aula ministrada na faculdade; da música gravada no estúdio ou da peça para piano de Czerny, ou ainda as horas, minutos e segundos cronometrados pela corrida de um atleta olímpico, de fato estamos contando o tempo não em função do Tempo (por que ele não existe - passado, presente e futuro) mas sim, contamos tudo em horas em função da nossa existência fugaz e finita. A contagem dos segundos é um caminho sem volta ao destino certo dessa existência fugaz, o fim. Tendemos à morte, ou ao desaparecimento do corpo e da alma (e para onde vai a alma? aqui não é pretensão minha questionar). O tempo não existe, o que existe é uma crença na razão e na capacidade cognitiva da memória. Sabemos que a memória foi um elemento importante para nos firmarmos como espécies dominadores deste planeta. Pela memória nos separamos dos animais e os superamos somente por termos o instrumento da Razão.

Não creio que somos escravos do tempo, por que segundo a minha tese (e não somente minhas mas de vários pensadores ao longo dos tempos) o tempo como tal o senso comum conhece não existe. Talvez sejamos escravos da finitude da existência humana, e por sermos escravos do destino derradeiro e certeiro da morte do corpo, tendemos à necessidade de criar alívios, ópios e alucinógenos químicos e psicológicos também. O tempo é uma dessas drogas que não nos fazem bem, mas se tentarmos nos desvencilhar dele não conseguiremos. O tempo nos vicia, por que nos aprisiona de forma indelével, e de tão viciados que somos passamos a tudo contar à partir dos relógios, dos seus minutos e segundos.

Pensamos que as drogas pesadas são apenas àquelas que nos atingem por meio de suas propriedades químicas. ledo engano, e, quão inocentes somos diante da realidade da vida. Quando não questionamos a existência do tempo nos tornamos os seres mais eivados de vícios.

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