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sexta-feira, 5 de março de 2010

Lições de patriotismo na "ditadura" lulista

Antes de dissertar quero esclarecer que nada tenho contra a pessoa do presidente da república. Apenas procuro refletir sobre as quantas andam a consciência política de um país recentemente na história democrático. São pouco mais de 20 anos de constituição de Estado democrático de direito e o povo brasileiro e o que parece e denota no cotidiano é que o ranço ditatorial segue o rastro e o cheiro desagradável dos famosos “anos de chumbo”. Somos os únicos países dentre as democracias ocidentais que tem o voto como obrigatório. A desculpa ou a justificativa da obrigatoriedade do voto está exatamente na imaturidade de uma democracia jovem, recentemente pós adolescência cujas ações ainda precisam ser direcionadas por maduros.
Para àqueles nascidos em anos de transição da ditadura para a democracia, como eu, por exemplo, não possui experiência de vida, apenas experiência dos livros e dos jornais da época e, portanto, não deve se lembrar do autoritarismo que a ditadura e os militares inspiravam no Brasil. Uma das grandes marcas de governo autoritários é a pretensa confiança da massa populacional na figura centralizada de um governante imbuído de discursos patrióticos e comitivas pomposas. As propagandas midiáticas tornam-se ferramentas indispensáveis ao direcionamento desta massa. Hoje ao visitar um local cuja presença do presidente era aguardada me deparei com uma cena grotesca. Ao comprar um sorvete de um vendedor ambulante, cuja preocupação maior nem era a venda, fiz um comentário sobre a visita do Ilustre Chefe de Estado, no mesmo instante o simples e matuto vendedor me responde com ares de pai respondendo a um filho rebelde: “ele é o chefe da nação!”. A lição fora curta e grossa. Inclusive a ênfase de sua colação extrapola os recursos lingüísticos de que no momento a linguagem escrita me nega. Como sabemos lições nem sempre foram feitas para serem cumpridas, afinal de contas não somos autômatos – nem todos obviamente – e instantaneamente impugnei sua colocação cegamente apaixonada.
Respeito pessoal não está ligada à consciência política. Muitos brasileiros ainda pensam a figura do presidente como a de um pai. Em outros tempos remotos chamaram Vargas de “o pai dos pobres”. E o paternalismo continua dentro do consciente coletivo da política tupiniquim. Quando aquele simples senhor me responde daquele modo no fundo na verdade ele queria assim dizer: “respeite o presidente, ele é o pai da nação”.

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