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sexta-feira, 12 de março de 2010

Brasil: a história de um feminismo fracassado.

O Brasil é um país de qualidades historicamente reconhecidas e exaltadas por seus poetas, compositores e escritores. Desde os ufanismos exacerbados de Gonçalves Dias no qual "nossa terra tem mais vida, nossa vida mais amores", e ainda, "a nossa terra tem palmeiras onde canta o sabiá" até as letras quase indecifráveis do compositor do hino nacional e suas pedantes construções líricas de "gigante pela própria natureza, és belo és forte impávido colosso", enfim. O país é lindo, "tropical, abençoado por Deus e bonito por natureza..."

Certamente, um país de adjetivos inesgotáveis. Porém, neste meu país há outras características pelas quais não sei se devo chamá-las exatamente de qualidades no sentido positivo, louvável da expressão "qualidade". Claro que tais características não constituem juízos generalizáveis da realidade, mas são fatos do cotidiano gritantes dos quais até falsos intelectuais como Pedro Bial são condescendentes.

Por exemplo, no Brasil a qualidade máxima de apreciação pelo gosto popular masculino em relação ao sexo oposto é a bunda - uma parte corporal objeto de música, poesia, filmes e até programas de reality show na rede globo. Sua forma arredondada marcada por calças justas é a maior "arma" que certos humanos infelizes possuem. Em alguns programas de televisão aberta no Brasil a "qualidade" da bunda feminina na verdade é a atração principal. Mulheres sem bunda? Alguém pergunta; só mesmo as "gringas". Por que na TV todos pagam e gastam seu tempo para olharem "sarados e gostosas" no ar a desfilarem suas farturas. Mas qual seria a fórmula genética de sucesso por trás das formas arrendodas inspiradoras do calçadão de Ipanema? Poucos estudiosos arriscam afirmar que tal sucesso advém das misturas étnicas processads ao longo dos anos de exploração e povoamente das terras brasileiras. Mistura de índio, branco, negro - mais precisamente. A bunda é objeto de altar e até de publicações científicas; para tal basta dar uma parada nas bancas de jornais de esquina. Mas qual seria então a razão por trás de tanta religiosidade sobre uma parte coporal feminina? Seria esta obssessão o desejo pelas formas puras do qual falam os filósofos gregos?


Neste meu país, se a mulher tiver uma bunda apreciável tem grandes chances de acender na carreira profissional e ter salários próximos do que ganham os grandes executivos.
Seria neste background ou nesta "ética" do cotidiano brasileiro que o conceito de pecado é desconhecido. Inspirado por este contexto marcamente anti-puritano e machista que "não existe pecado ao sul do equador" uma sociedade sem freios e sem crítica que possui como propaganda e publicidade típica um pedaço de carne humana avantajada no qual sua função orgânica funcional no corpo humano meramente é a eliminação de dejetos não aproveitáveis pelo organismo.

O tropicalismo do clima quente de seus 40º graus Celsius e de 8 km de costa praiana também contribuem para este ETHOS brasileiro. Não à toa que Brasil - na perspectiva de antropólogos brasileiros respeitados no meio acadêmico internacional é um país de "malandros e carnavais". Por isso, não exite pecado ao sul do equador - sendo mais justo e claro,na verdade não existe pecado no Brasil das bundas. Brasileiros, em sua massa, não tem capacidade de distinguir o vulgar do não vulgar, daí a vulgarização - aliás, vulgar no Brasil é assumir pubicamente que você não assite ao Big Brother Brasil. O pior que o ponto culminante deste espiritualismo "bundista" brasileiro está na condescendencia e aceitação tácita e expressa de determinadas mulheres. Mulheres estas filhas das mães dos movimentos revolucionários feministas
do final da década de 1960. Em função disto é que no Brasil o feminismo foi fadado ao fracasso. As próprias mulheres (FRISA-SE CLARO, ALGUMAS SOMENTE)são as primeiras a destacarem suas "qualidades", seja nos programas de televisão ou nas revistas.

Portanto, preste atenção ou tome cuidado ao referi-se às qualidades femininas; pode ser que ao expressar deste modo alguns vão traduzir a expressão "qualidade" para o termo "bunda".
Pergunto para os meus leitores e minhas leitoras então onde foi parar os avanços e conquistas do movimento feminista no Brasil? Jà que tudo acaba em "bunda" - e prefiro assim utilizar este termo por que do contrário poucos brasileiros me entenderiam.
É preciso rever os conceitos deste movimento e suas peculiaridades dentro do cotidiano brasileiro; como já expressa uma letra de canção não muito popular: "nem toda feiticeira é corcunda, nem toda brasileira é bunda..."

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