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segunda-feira, 1 de março de 2010

Daqui à 100 anos...

Homens e mulheres buscam durante a vida deixar algum legado, algum feito pelo qual serão lembrados pelas próximas gerações. Todo sem exceção seja de forma consciente ou inconsciente por sermos seres produtores de cultura deixamos algum tipo de herança para as gerações futuras. Criamos, inventamos e elaboramos constantemente música, poesias, casas, construções, pinturas, composições, máquinas, instrumentos domésticos, aparelhos de som, móveis, textos, livros, enfim. E toda essa criação e conhecimento adquirido ao longo dos tempos vão sendo acumulado e herdado pelas gerações posteriores. Claro que não compactuo com a visão evolucionista e linear do processo de conhecimento humano, por que tendemos a cair na ignorância e erro de interpretarmos o nosso conhecimento como sendo o mais perfeito, evoluído e acabado, e o das gerações passadas como sendo primitivo rudimentar e imperfeito. Mas de certo modo, pela lógica cultural e simplesmente pelo fato de que somos uma única espécie somos também herdeiros das descobertas, avanços e retrocessos da cultura anterior.
Digo retrocessos por que desde que o homo sapiens tornou-se o rei do planeta terra, dominando e subjugando os demais seres vivos, a lógica de sobrevivência da humanidade foi condicionada à exploração dos recursos naturais. Desde que os primeiros pais foram castigados e expulsos do paraíso a humanidade aprendeu a superar todas as fraquezas corporais à custa da predação desenfreada e inconseqüente do mundo natural. Criamos um mundo artificial dominado pelos recursos sacros da ciência e da razão humana. E essa herança certamente já está reverberando os seus efeitos sobre a Terra. Secas, aquecimentos, derretimento dos pólos, escassez dos recursos hídricos são apenas produtos visíveis desta lógica burra.
Penso que daqui à 100 ou 150 anos meus bisnetos e sua geração olharão para trás e dirão: “que tolos, como poderiam explorar tanto os recursos naturais à ponto de impedirem que todos vivam com qualidade?”.


Somente no ano de 2010 pelos menos três grandes eventos naturais causaram a devastação material e humana no mundo, dentre elas terremotos no sul do pacífico advindos do choque entre as placas tectônicas do Nazca e sul-americana, pelo menos até então são mais de 800 mortos – números oficiais publicados nas mídias principais.


Por enquanto ninguém faz nada efetivamente para distorcer a predação humana, somente alguns filmes hollywoodianos. Mas meus bisnetos saibam que há 150 anos um estudante universitário em tom quase apocalíptico avisou sobre os sérios riscos que a humanidade enfrentaria caso não revertesse esta lógica de exploração pela lógica da harmonia com o mundo natural. Como calvinista que sou dificilmente a humanidade mudará à tempo.

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