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quinta-feira, 24 de setembro de 2009

E se...

O que mudaria na sociedade brasileira se as mulheres tivessem tido acesso à educação.????


Durante o período colonial no Brasil a educação feminina ficou restrita aos cuidados com a casa, somente homens/filhos indígenas dos colonos eram os que possuíam acesso à arte de ler e escrever; excluídas estavam as mulheres de todas as etnias, classes e costumes. A discriminação quanto ao acesso do saber ao gênero feminino era tanto que portugueses e brasileiros costumava declamar o seguinte versinho: “mulher que sabe muito é mulher atrapalhada, para ser mãe de família, saiba pouco ou saiba nada”. Esta forma de tratamento diferenciada na educação entre homens e mulheres perdura, portanto, em todo colonialismo português no Brasil, especialmente entre os mestiços, pois havia a necessidade de continuação de um exercício de dominação masculina, branca e latifundiária dependente do trabalho escravo e da submissão passiva da figura doce e sempre receptiva da mulher.


Educação na colônia, desde cedo sempre fora associada aos donos das terras e das riquezas, pois eram os únicos capazes de patrocinarem os estudos caros dos seus filhos. Logo a exclusão do acesso educacional às mulheres era então um reflexo de conceitos nos quais a sociedade não só brasileira mas européia e árabe se firmaram, portanto, se a educação chegasse à elas, muitas das barreiras “machistas” deveriam pois serem transpostas.


Pensemos nas conseqüências possíveis se fosse liberado às mulheres indígenas o acesso à literatura e ensino pelos padres jesuítas; pois em toda a colônia, segundo Arilda Ribeiro não se viu outra forma social tão liberal e igualitária quanto aos deveres e tarefas entre homens e mulheres como nas organizações indígenas. Talvez hoje teríamos uma emancipação intelectual desses índios, de dominação especialmente feminina inseridas definitivamente no seio da sociedade brasileira. Contudo, isso não aconteceu, e por razões historicamente compreendidas pelo contexto dominador masculino nem as índias e nem as mestiças galgaram os degraus de cima do exercício do poder social. Conhecimento desde os primórdios da civilização foi, portanto vista como manutenção das estruturas de dominação. Uma conseqüência possível da troca de papéis históricos de homens e mulheres brasileiras no acesso ao ensino poderia começar pela mudança da questão, ao invés de tratarmos sobre: “o que mudaria na sociedade brasileira se as mulheres tivessem tido acesso à educação”, reformularíamos a questão da seguinte maneira: “o que mudaria na sociedade brasileira se os homens tivessem tido acesso à educação”.


Desta forma, se muda a estrutura de distribuição de ensino excludente para uma estrutura includente, homens e mulheres sequer alimentariam diferenças sustentadas pelas gerações. Não faria sequer sentido políticas de gêneros, de inclusão ou redescoberta ou reconstrução do papel feminino, uma vez estabelecido a pretensa igualdade de acesso a produção intelectual, pois pelo conhecimento se produz espaços de discussão nivelados. Resumindo, a igualdade de acesso ao ensino e educação para com homens e mulheres produziria um ambiente propício para a discussão aberta, igual e no mesmo patamar de igualdade, o que resultaria consequentemente em uma divisão mais racional e democrática dos papéis e espaços de atuação de cada um.

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