Para quem não tem medo de pensar...

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

"É proibido pensar"

Confesso que meu estado de espírito ao escrever essa crônica se encontra em um contexto de sufocamento a ponto de não mais se aguentar. Portanto, as palavras que destilo aqui são mais que reflexões desinteressadas, são também letras apaixonadas e fortemente marcadas pela experiência atual, ou ainda, são letras de combate, ou melhor é um manifesto.

Há alguns tempos, um cantor evangélico lanço uma composição cuja letra assim dizia:
"Procuro alguém pra resolver meu problema, pois não consigo me encaixar nesse esquema, são sempre variações do mesmo tema, meras repetições". Para os leigos, essa frase constitui uma crítica atual aos movimentos evangélicos, ditos neo-pentecostais , em especial a musicalidade dos mesmos. Para quem está dentro do "ramo" acredito que já entendeu parte desse texto. Mas para os desavidos, eu expico.

Desde a entrada do evangelho no Brasil em meados do século XIX até os dias de hoje, os números não demonstram outro dado a não ser o crescimento exorbitante de igrejas Evangélicas. E com a quantidade, todos sabem, sempre há deterioração da qualidade. Hà muitos, mas poucos de fato. No Brasil os fenômenos de massa virou tradição no que tange a divulgação de produtos e serviços, e para não ser diferente, também com religiões e crenças.

Quero questioar aqui por que tantos grupos dentre esses evangélicos possuem certa resistência ao estudo aprofundado, crítico e desconstrutor da Bíblia? Por que tantos acreditam piamente nas verdade prolatadas em nome de Deus sem um acurado senso de pesquisa, e cuidado com a veracidade dos textos antigos?

Caro leito, não, eu não perdi o "fio da miada". No ínicio fiz qustão de citar um trecho de uma música intitulada "É proibido pensar", justamente para justificar os exageros no meio dos círculos evangélicos, de todas as modalidades, dentre tradicionais e neo-pentecostais. Vivemos em tempos de extrema valorização das sensações, dos sentimentos, enfim, da emotividade. Em alguns momentos, chego a acreditar que alguns crentes possuem resistência ao pensamento crítico por pensarem que toda a crítica é uma arma maligna para destruir as verdade absolutas. Por favor, (haja paciência), se suas verdades são absolutas, porque então se incomodor com raciocínios desconstrutores??? Tal postura só se justifica na falta de segurança de suas próprias convicções e visão teológica de mundo. Alguns crédulos chegam a evocar pra si textos que valorizam as emoções e profecias ilimitadas tais como: "a ciência é muito enfado", como se a busca pelo conhecimento fosse uma transgressão da lei divina.
Diante do que fora escrito aqui não consigo mais pensar em outro texto tão esclarecedor e simples no que tange à ética do cristão: "amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e de TODO O TEU ENTENDIMENTO". Entendimento nesse texto leia-se Razão, Raciocínio, Pensamento, Logos...

Certa feita, um frequentador de uma culto de um religião desabafou que ao levantar do seu banco ele tem a sensação de deixar a cabeça (a racionalidade) ainda no banco frente ao tamanho apelo à tudo aquilo que desafia a racionalidade. Não descarto, obviamente o elemento subjetivo da fé que constitui o fio condutor do processo religioso, seja ele qual for.

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