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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Mudança: possível ou mera ficção?

Vamos falar hoje sobre mudanças.
Mas mudanças aqui no sentido revolucionário, não significando mudança à 180 graus, como propõe pela primeira vez na história a Revolução Francesa, mas mudança no sentido de revolução à 360 graus, conforme propõe o sentido usado pela Revolução Protestante. Sim porquê a formação etimológica revolução remete ao sentido de retorno ao status quo, ou seja, volta ao estado original e não somente uma mudança para o nada. E foi exatamente isso e com esse sentido que Martinho Lutero propõe uma Revolução, que na verdade era um retorno ao estado zero, ou , à situação anterior.
De fato, as palavras e seus respectivos sentidos vão se acomodando aos usos que fazemos reiteradamente. No caso da palavra Revolução, aconteceu um velho fenômeno de formação de palavras próprios dos mineiros e baianos - a redução dos sentidos e das palavras.
Antigamente costumávamos utilizar como pronome de tratamento a seguinte expressão: vossa micê. Depois de um tempo: vós-micê; e um poucou depois: você; e mais algum tempo: "ócê"; e ultimamente usamos "cê" e simplesmente "c".
Nada melhor que o tempo para reduzir as coisas não?
Pois bem, retornemos (no sentido de revolução) ao tema proposto. Falemos de mudanças, no sentido luterano da palavra; isto é, mudança no sentido de retorno. É bem provável que a opinião comum venha divergir comigo ao respeito da uso da palavra mudança, uma vez que para essa maioria o vocábulo em questão significa apenas mudar ou para melhor ou para pior, e não no sentido restrito de voltar ao que era antes. Mas uma pergunta levanto: é possível voltar ao estado anterior? Em outras palavras (velhas palavras) será possível tomar banho no mesmo rio duas vezes? Para os sofistas, definitivamente não.
De fato não é possível tomar banho no mesmo rio duas vezes porque primeiro, o rio é correnteza, logo as águas não são exatamente as mesmas; segundo, você também não é o mesmo ao entrar no rio, caso ainda não tenha reparado, o tempo continua correndo, e você envelheceu pelo menos alguns segundos. Então, volto a perguntar, será possível, realmente, tomar banho duas vezes no mesmo rio? Ou melhor, será possível mudarmos no sentido luteranos da palavra, isto retornar à 360 graus?
Nessa perspectiva filosófica (do filósfo grego Heráclito), pelo menos, não temos condições lógicas de voltar ao estado anterior, isto é, de mudarmos de fato.
Mas insisto, então porquê tantas pessoas insistem em querer mudar as coisas ou em mudar as pessoas? Pois acabo de demonstrar que a mudança ocorre a todo instante. Agora exatamente acabamos de mudar no meio dessa leitura e eu obviamente acabo de operar mudanças no meu texto.
Pois bem, qual é então a carga significativa da expressão Mudança?
Até a presente data eu não sei. Só posso adiantar que mudança é um termo ambíguo, vago, bastante subjetivo, e que irá depender dos desejos e intenções pessoais da pessoa que a emite.
Se alguém quiser arriscar, tem toda a liberdade...

Um comentário:

Maycon disse...

Em uma outra crônica falei sobre voltar ao fundamento ou melhor ao estado anterior.Na verdade não estou me contradizendo até porque de fato nunca conseguiremos voltar no tempo (porque ele não pára !, mas é possível voltarmos à fonte, porquê como o próprio termo refere, fonte é origem, e voltar a ela sim é possível.