Para quem não tem medo de pensar...

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

No meio do caminho tinha uma pedra

Meio é uma expressão que possui como requisito a materialidade. Obviamente, parece não ser apenas requisito único dessa expressão já que tudo no mundo humano pressupõe a existência de matéria. O mundo humano é basicamente matéria, pois possuímos em nossa formação diversos elementos e substâncias químicas que compõe nossa matéria. Tudo o que está passível e aceitável aos nossos sentidos (sem ser empirista no sentido lockiano do termo) é matéria.


Mas não é esse o caso. Quando falamos meio, necessariamente existe a confrontação de dois dados, quais sejam: o início e o fim, logo, a idéia e o conceito de temporalidade é outro elemento constituinte da argumentação quando falamos em meio. Meio é algo próprio daquilo que pode ser dissecado em princípio – meio – e fim, nessa ordem. Na verdade divaguei por essas linhas filosóficas com o objetivo de relatar nessas crônicas um pouco do processo de preparação rumo à aprovação ao concurso público. Processo este que intrinsecamente está dentro da linha temporal necessária de todo e qualquer fato perceptível ao homem, seja pelos sentidos ou pela razão puramente. Linha temporal esta que funciona apenas como um mero aparato didático para os projetos da nossa inteligência, já que a tríade passado-presente-futuro não passa de uma ficção do espírito, ou seja, uma construção fictícia para suportar a dor da mortalidade corporal e aliviar o peso dos dias que se avançam e se perpetuam na memória humana. Sendo mais simplista, a humanidade tem necessidade por separar a vida em lapsos temporais para venha dar sentido a ela. E isso se faz de forma inconsciente. Mas tudo bem, o tempo é uma saborosa refeição filosófico-metafísica para outra ocasião.


Por ora, meu intuito na verdade ao escrever essas linhas consistia apenas em registrar, ou melhor, congelar, fotografar e recortar a realidade dura e momentânea que se passa com àquele que se prepara para um concurso público. Como se sabe, concursos públicos transformaram-se em profissões altamente rentáveis nos últimos anos, e uma porta de entrada para uma vida economicamente estável. No meu caso não é diferente. Mas o processo e o caminho até a aprovação não é simples ou poético similar à poesia de Drummond. Por que quando se opta pela escolha de passar em concurso, diversas outras escolhas são automaticamente tomadas, pois o caminho da preparação não é fácil e intuitivo, pelo contrário, é dificultoso, árduo, penoso e cheio de pedras também.


Não pense você que uma simples hora de estudo por dia, ou em uma semana, ou no mês te levará rumo à aprovação. Não seria justo. Seria sorte, talvez. Mas a experiência nos demonstra que sorte não garante a nomeação-posse-exercício de um cargo público. A sorte é acessório nesses casos, e sempre acompanha àqueles que transpiram nessa via crúcis que é a preparação para o concurso.

Confesso que, estando eu aqui, precisamente no meio do caminho, não é possível visualizar nada à frente dos meus olhos que sejam alguns centímetros. Nada se contempla, a não ser o passado de estudos já acumulados, ao olhar pelo retrovisor mental. Aliás, todos os dias quando me deparo diante dos meus arquivos de estudos, a única coisa que minha mente sabe fazer é voltar atrás. Não é fácil. Mas quem disse que seria?
É por essa e por outras razões que escrevo essa crônica, pois certamente esse caminho chegará ao fim. Tomara que nesse final eu volte a ler essas linhas, porém com todas as pedras que andei guardando durante esse longo processo.

Nenhum comentário: