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sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Desafiando a lógica dos vencedores.

Grandes homens sempre ficam conhecidos na história por suas conquistas memoráveis. A história, aliás, privilegia o ponto de vista dos vencedores, raramente nos lembramos dos "fiascos" e dos perdedores. No Brasil, terra continental, abençoado por Deus e lindo por natureza, existe uma tradição exacerbada em desconsiderar o esforços dos vice-campeões. O segundo lugar é igual ao nada, especialmente no futebol. Diga-se de passagem, meu time, o Cruzeiro esporte clube, ficou no segundo lugar no campeonato brasileiro de 2010; será que os próprios torcedores se lembram disso? Certamente, a maioria não, ainda mais por conta da péssima campanha no brasileirão atual. Enfim, esse fato é apenas um exemplo fático do desprestígio que os não-vencedores gozam na nossa cultura. O sistema e as instituições funcionam em grande parte pela lógica dos vencedores ou dos melhores. Ninguém quer escolher um "perdedor" para ser o dirigente da empresa. As provas de concurso preparam provas de modo a selecionar quem detém maiores conhecimentos e que possuem condições de ocupar o lugar de vencedor. A própria lógica de escolha de servidores públicos exarada na carta política do Estado democrático de Direito em que vivemos funcioana pelo mérito dos campeões. E faz sentido, já que partimos do pressupostos de que somente os vencedores detém melhores condições de ocupar alto cargos e alcançar lugares extraordinários, dignos de toda pompa e salários gordos. Todavia, ao lado de uma lógica há sempre o caos,o imprevisível e o sempre surpreendente. Lembro-me, por exemplo, de uma maratonista que corria 100 metros rasos nos Jogos Olímpicos. Até então estava ali lado a lado correndo de igual para igual como todas as outras velocistas, quando de repente, passados mais da metade do transcurso de pista, a atleta é acometida por dores musculares insuportáveis que a forçaram a diminuir o ritmo bruscamente. As dores eram intensas pois se deduzia de sua face repleta de expressões. O mundo todo entendeu o que se passava com a atleta, que mesmo arrastando-se pelo resto da pista, completou o percurso bravamente, em prantos e choros de dor. Foi uma cena fortíssima. A mesma conseguiu chegar em último lugar, e contrariando a lógica dos vencedores tornou-se, na verdade, a grande vecendora daquela corrida. Tanto é assim que ninguém se lembra do pódium, a não ser daquele desafio intrigante e cinematográfico entre homem máquina e homem-coração. Eu penso que àquela mulher tinha muita vontade de participar daquele jogo e completar o percurso, e por que não alcançar o primeiro lugar? Porém, o destino reservou algo melhor a ela: o último lugar. Soa estranho tal história, já que desafia toda àquela lógica dos campões e dos vencedores. A vida pode ser comparada então a uma maratona que desafia, às vezes, a lógica dos primeiros lugares. Claro que essa conversão não é papo de perdedor conformado. Perder ou vencer, como a atleta acima nos ensina, depende unicamente de um ponto de vista.

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