Para quem não tem medo de pensar...

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Igreja reformada sempre reformando, cristão reformando sempre reformando...

Sou brasileiro, latino-americano, nascido no limiar do século XXI, mais precisamente no final do século XX, anos de 1987. Educado e crescido dentro de uma igreja histórica, assim denominada por ser fruto da Reforma protestante, a Igreja Presbteriana do Brasil foi o berço onde ecoaram pela primeira vez alguns pontos centrais como Lutero, as 95 teses afixadas às portas da Catedral de Westiminster na Alemanha, os pós-reformadores, como Calvino e seus 5 pontos da teologia calvinista, enfim. Passados 494 anos do marco da Reforma, 31 de Outubro de 1515, urge pensarmos nas andanças e rumos que a igreja brasileira vem tomando ao longo desses últimos anos, e por quê o lema e o espírito da reforma se faz tão necessária nos nossos dias. Primeiro, devemos atentar para a seguinte realidade: a reforma representou o momento puro e simples de retorno às Escrituras Sagradas, tendo como base os textos do livro de Romanos, cujas idéias fundamentais remetem a salvação pela fé. O contexto social em que vivera os reformadores estava profundamente maculado por práticas e ritos sedimentados pela Igreja ao longo de séculos. O culme dos erros e heresias desse tempo foi a compra e venda de indulgências. Ou seja, negociava-se, mensurando em bens de valor pecuniário a salvação e outros bens espirituais. A igreja transformou-se num palco de depravação moral e espiritual, usurpando as verdades bíblicas e as escondendo por detrás dos cânones papais e das recomendações dos papas que gozavam de maior prestígio que a própria Palavra de Deus. Até que um homem, inconformado e bastante perplexo quanto às práticas dos cristãos de sua época em comparação com a Bíblia resolveu expor a verdade. Mas porque a Bíblia é tão importante a ponto de ter sido responsável por deflagrar um movimento de repercussões amplíssimas? Basta dizer que a Bíblia é a revelação inteligível do plano de Deus à respeito da salvação de seu povo por intermédio da Pessoa de Cristo Jesus. O contexto atual em nada difere daquele de 494 anos atrás. A igreja, através de suas variadas denominações vem criando ritos e teologias demasiadamente conflitantes com as verdades duras, simples e puras do evangelho de Jesus Cristo. Na verdade, já chegou a ponto de condicionar a salvação do homem tão somente por obras, e não mediante a Graça salvífica da qual fala os livros do novo testamento. Nada mais justo pensar que necessitamos urgentemente de uma reforma no âmbito da igreja dita protestante. A começar por hábitos simplórios, desde a devocional diária da leitura da Palavra às portas fechadas até eventos públicos que instiguem o desejo ávido pelas verdades bíblicas, sob o crivo e iluminação do Espírito Santo. A reforma de que precisamos agora deve nascer de dentro para fora, partindo da insatisfação e inconformidade diante dos erros que deturpam as verdades simples da realidade do evangelho de Cristo Jesus. Que o Senhor tenha piedade de nós.

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Desafiando a lógica dos vencedores.

Grandes homens sempre ficam conhecidos na história por suas conquistas memoráveis. A história, aliás, privilegia o ponto de vista dos vencedores, raramente nos lembramos dos "fiascos" e dos perdedores. No Brasil, terra continental, abençoado por Deus e lindo por natureza, existe uma tradição exacerbada em desconsiderar o esforços dos vice-campeões. O segundo lugar é igual ao nada, especialmente no futebol. Diga-se de passagem, meu time, o Cruzeiro esporte clube, ficou no segundo lugar no campeonato brasileiro de 2010; será que os próprios torcedores se lembram disso? Certamente, a maioria não, ainda mais por conta da péssima campanha no brasileirão atual. Enfim, esse fato é apenas um exemplo fático do desprestígio que os não-vencedores gozam na nossa cultura. O sistema e as instituições funcionam em grande parte pela lógica dos vencedores ou dos melhores. Ninguém quer escolher um "perdedor" para ser o dirigente da empresa. As provas de concurso preparam provas de modo a selecionar quem detém maiores conhecimentos e que possuem condições de ocupar o lugar de vencedor. A própria lógica de escolha de servidores públicos exarada na carta política do Estado democrático de Direito em que vivemos funcioana pelo mérito dos campeões. E faz sentido, já que partimos do pressupostos de que somente os vencedores detém melhores condições de ocupar alto cargos e alcançar lugares extraordinários, dignos de toda pompa e salários gordos. Todavia, ao lado de uma lógica há sempre o caos,o imprevisível e o sempre surpreendente. Lembro-me, por exemplo, de uma maratonista que corria 100 metros rasos nos Jogos Olímpicos. Até então estava ali lado a lado correndo de igual para igual como todas as outras velocistas, quando de repente, passados mais da metade do transcurso de pista, a atleta é acometida por dores musculares insuportáveis que a forçaram a diminuir o ritmo bruscamente. As dores eram intensas pois se deduzia de sua face repleta de expressões. O mundo todo entendeu o que se passava com a atleta, que mesmo arrastando-se pelo resto da pista, completou o percurso bravamente, em prantos e choros de dor. Foi uma cena fortíssima. A mesma conseguiu chegar em último lugar, e contrariando a lógica dos vencedores tornou-se, na verdade, a grande vecendora daquela corrida. Tanto é assim que ninguém se lembra do pódium, a não ser daquele desafio intrigante e cinematográfico entre homem máquina e homem-coração. Eu penso que àquela mulher tinha muita vontade de participar daquele jogo e completar o percurso, e por que não alcançar o primeiro lugar? Porém, o destino reservou algo melhor a ela: o último lugar. Soa estranho tal história, já que desafia toda àquela lógica dos campões e dos vencedores. A vida pode ser comparada então a uma maratona que desafia, às vezes, a lógica dos primeiros lugares. Claro que essa conversão não é papo de perdedor conformado. Perder ou vencer, como a atleta acima nos ensina, depende unicamente de um ponto de vista.